Criada na época da expansão do setor sucroalcooleiro rumo ao Centro-Oeste, a CerradinhoBio busca diversificar suas matérias-primas para a produção de energia elétrica e etanol como forma de sustentar seu plano de crescimento. A estratégia inclui o uso de biomassas alternativas para a cogeração e até uso de milho para a produção do biocombustível, disse Paulo Motta, CEO da companhia.
A empresa, que teve receita de R$ 811 milhões na última safra, inaugura hoje a expansão das operações de cogeração em sua usina em Chapadão do Céu, no sudoeste de Goiás. Os dois novos turbogeradores e a segunda caldeira recém-instalada dobraram a potência da unidade para 160 megawatts (MW) médios. Dessa forma, a planta é capaz de vender até 850 gigawatt-hora (GWh) por safra.
O pontapé para a expansão da cogeração se deu dois anos atrás, quando a CerradinhoBio também começou a fazer pequenos aportes na moagem de cana. Desde então, seu processamento saiu de 4,8 milhões de toneladas na safra 2015/16 para 5,4 milhões de toneladas na atual. No próximo ciclo, a usina deverá moer 5,7 milhões de toneladas, e novos aportes elevarão a capacidade de processamento até 6,3 milhões de toneladas a partir de 2021.
A nova caldeira, porém, também permite a utilização de outras biomassas. A CerradinhoBio já fez testes com sorgo sacarino e um “pequeno teste” com o capim braquiária. Neste momento, a unidade está rodando com cavaco de eucalipto, mas em uma etapa experimental, segundo Motta.
O uso de biomassas alternativas vai depender das condições de mercado. Além de em geral custarem mais caro, a obtenção dessas biomassas precisa ser programada com antecedência. O cavaco de eucalipto, por exemplo, está produzindo energia para um contrato bilateral por um preço de R$ 260 p MW, com entrega por seis meses.
A diversificação de matérias-primas também está em estudo para o etanol. Por estar no Centro-Oeste, – coração da safra de grãos do país – a empresa avalia usar o milho para produzir o biocombustível.
As vantagens, disse Motta, são a proximidade com lavouras do grão e uma estrutura industrial já instalada. “Um projeto desses teria sinergias, como a parte de utilidades, de gestão e estrutura física. Mas também demanda um investimento razoável, porque estamos falando de um processamento desde o recebimento do milho, estocagem até moagem, que é separada”.
Segundo o executivo, a diversificação de fontes permite um melhor gerenciamento de riscos, favorecendo o plano de crescimento da companhia.
Para esta safra, a CerradinhoBio espera aumentar sua receita em 8,5%, para R$ 880 milhões, e elevar em 17% seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para R$ 440 milhões. A perspectiva é que a venda de energia elétrica tenha uma participação maior na receita da companhia nesta safra, de 12,8%, ante 9% na temporada passada.
A partir da próxima safra, dois terços da receita com cogeração devem vir das vendas no mercado regulado. Atualmente, a CerradinhoBio entrega energia em três contratos, e um quarto começará a valer a partir do ano que vem.
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